terça-feira, 10 de abril de 2012

Combate à Obesidade Infantil

Uma em cada três crianças brasileiras, de 5 a 9 anos, tem excesso de peso.


Muitas mães dizem estar satisfeitas porque o filho está gordinho, saudável. Mas, dependendo do peso da criança, o motivo de orgulho pode ser um sinal de alerta contra os perigos da obesidade infantil, uma doença que traz consequências graves.

O excesso de gordura corpórea pode causar diabetes, hipertensão e elevação dos níveis de colesterol e triglicérides, independente da idade. Doenças que exigem tratamento médico e exames clínicos que devem ser monitorados periodicamente.
O índice de crianças obesas aumenta a cada ano. “Aqui no Brasil, nos últimos cinco anos, o percentual de crianças menores de 5 anos de idade com sobrepeso aumentou em quase 3%”, afirma Marcia Mourão.
Dados coletados pelo HELPLIFE, baseados em estatísticas do IBGE, apontam que uma em cada três crianças brasileiras, de 5 a 9 anos, tem excesso de peso. Algumas projeções mostram que, no prazo de 10 a 15 anos, o padrão de crianças e adolescentes brasileiros pode chegar ao americano. “Nos Estados Unidos, dois terços da população e um terço dos adolescentes estão com excesso de peso”, afirma.
De acordo com especialistas, o número de pacientes infantis com problemas causados pela obesidade tem aumentado. Por exemplo, os médicos alertam para os casos de diabetes Tipo 2, geralmente causada pela obesidade. E estudos revelam que filhos de pais obesos têm maior chance de apresentar obesidade. “Mas o fato não está relacionado apenas à questão genética, mas também à influência dos hábitos alimentares e culturais da família”, diz Marcia. 
O combate à obesidade exige reeducação alimentar, prescrita por nutricionistas, e acompanhamento médico para controlar os índices de açúcar e gordura no organismo. A necessidade de agendar consultas médicas periódicas e controlar os exames laboratoriais requer disciplina e organização dos pais. O que muitas vezes não é fácil na rotina agitada dos adultos.

Fonte: http://www.helplife.com.br/Materia.aspx?idMateria=946. (COM ADAPTAÇÕES)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O que Eu Faço com Esse Menino?

Por Carol Nogueira

A má alimentação das crianças é uma queixa constante, mas, muitas vezes, o problema começa em casa.


Sentada à mesa, a criança enrola, faz cena. A mãe leva um aviãozinho à boca. Não quer. Cerra os dentes, faz que não com a cabeça. O pai conta historinhas. Nada. Finalmente, os dois tentam explicar porque o filho deve comer, mas nenhuma opção adianta. A cena é clássica, e claro, exagerada, mas não menos verdadeira, segundo mostra o estudo Nutri-Brasil Infância, que avaliou os hábitos alimentares de mais de 3 mil crianças de 2 a 6 anos no Brasil.
O pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, que conduziu a pesquisa em parceria com a Danone Research, concluiu que a alimentação das crianças vai de mal a pior. Os dados levantados revelam que elas apresentam carências de nutrientes importantes para o desenvolvimento, como cálcio, e excesso de outros, como sódio. Mas o que os pais podem fazer para ajudá-las? Para responder dúvidas comuns, VivaSaúde entrevistou o próprio Mauro Fisberg, também professor adjunto do departamento de Pediatria na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Por que as crianças se alimentam mal?
Mauro Fisberg: Os erros alimentares poucas vezes são só das crianças. Normalmente, são dos pais ou dos cuidadores. Digo isso porque a criança está sempre exercendo seu papel de desenvolvimento, e os adultos são responsáveis pelas condutas nas quais ela se espelha. Se exemplos forem inadequados, ela não conseguirá fazer de outro jeito. E a sua alimentação não pode ser igual à de um adulto, pois a criança tem necessidades diferentes, que vão de acordo com a idade.
Em quais aspectos elas mais erram?
A maior parte dos problemas ocorre dentro de casa, porque os erros começam nos hábitos e na introdução de alimentos. A transição entre o leite materno e a alimentação saudável é muito difícil, pois falta orientação tanto de profissionais da saúde como da família. É comum que a criança tente manipular os pais, e alguns cedem oferecendo recompensas ("Se você comer tudo, pode brincar na rua") ou castigos ("Se não comer jiló, vai ficar sem televisão"). Atitudes como essas não funcionam. É um círculo vicioso. Você começa com um aviãozinho e chega numa nave espacial.
Quando os pais devem fazer a transição do leite materno para os alimentos?
As normas da Sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição estabelecem que o melhor período de introdução de alimentos está entre o quarto e o sexto mês, nunca antes ou depois. Nessa fase, ao mesmo tempo em que a criança consegue se adaptar muito rápido aos novos alimentos, os riscos de alergia também são menores, porque ela está em uma condição chamada janela imunológica, ou seja, tem menos probabilidade re reação alérgica e consegue ter uma absorção adequada de nutrientes.
Quais fatores ocasionam a rejeição de certos alimentos?
Normalmente, o problema está relacionado a aspectos comportamentais, que são determinados por uma gama de fatores, como a seletividade natural do paladar da criança, distúrbios de contato familiar (como brigas frequentes ou falta de refeições feitas em família), dificuldade de relacionamento, problemas sazonais (como uma gripe) ou mudanças na rotina. Todos esses casos podem ser agudos e ocasionais, mas se forem crônicos podem gerar complicações no futuro.
O que os pais devem fazer quando isso ocorre?
A neofobia, ou seja, o medo ao novo, é muito comum nas crianças. É por isso que elas rejeitam o que não conhecem, numa tentativa inconsciente de se proteger. Por isso, é preciso fazer a criança experimentar várias vezes o mesmo alimento até que aquilo se torne conhecido por ela. Vale mudar o preparo até encontrar uma forma que a criança se identifique com o gosto e a textura.
E se a criança se recusar a experimentar?
Depende do caso. Ela pode não comer legumes como quiabo e estar perfeitamente bem de saúde. Algumas crianças não comem cronicamente, então, é necessário realizar um tratamento familiar, em que o nutricionista irá buscar a causa do problema, para que possa realizar o tratamento.
Como funciona o tratamento com a família?
Geralmente, orienta-se para cada problema específico. Em algumas casas os hábitos alimentares são péssimos, então é necessário fazer com que todos mudem sua alimentação. Em outras, o enfoque é muito mais comportamental, porque algumas pessoas não têm o hábito de fazer refeições em família. É muito comum a ajuda dos psicólogos.
O que os pais devem fazer com as crianças que devem comer só a sobremesa?
Isso é uma questão de hábito. A criança até pode comer o doce antes do salgado, mas sem exagerar. Ela precisa de uma rotina, de horários e durações estabelecidos para cada refeição, assim fica mais fácil se organizar.
A criança tende a preferir o açúcar e a gordura. Por que isso acontece?
Existe uma explicação fisiológica para que isso ocorra. Na ponta da língua, nós temos a preferência por alimentos doces e no fundo, os amargos e azedos. Então, se eu coloco o alimento na boca pela primeira vez, normalmente sou sensibilizado pelo paladar doce, que é agradável. Se a criança for exposta precocemente a diversos tipos de sabores e preparações, ela vai se acostumando.
Como prepara o alimento para agradar o paladar?
A criança não deve receber alimentos inadequados à sua forma de se alimentar. Aos seis meses de idade  ela não está pronta para comer algo mastigável ou que não esteja processado. O melhor é que a mãe ofereça alimentos amassados, porque assim a criança pode identificar o sabor.
Existem ingredientes que devem ser evitados?
Alguns alimentos podem dar alergia, como frutos do mar e crustáceos, então é necessário esperar até que o sistema imune da criança esteja completo, o que acontece, normalmente, até os dois anos de idade.


Fonte:VivaSaúde. Editora Escala, número 78.